sexta-feira, 22 de maio de 2009

O DILEMA DO ANTROPÓLOGO FRANCÊS


Na Interdisciplina Filosofia da Educação participei de um intenso Fórum onde fomos divididas em grupos, onde um grupo tinha que defender a decisão tomada pelo antropólogo e o outro contestar. O fórum iniciou partir da leitura do texto: O dilema do antropólogo francês e depois tivemos outras, O juízo moral e O Pensamento crítico e moralidade.
Através deste fórum tivemos a oportunidade exercitarmos a nossa argumentação individual e também através da formalização dos argumentos do grupo.
Coloco aqui, as partes principais do desenvolvimento deste trabalho.

Primeira refutação do grupo:

Gurias, nós somos as alunas do grupo 7 que seguem da Nilsa até a Sandra Marquez.Tivemos como tarefa refutar a atitude do antropólogo em não difundir a verdade entre os habitantes daquele lugar distante. Temos a convicção que uma mentira seguida de outra :primeiro em mentir para os nativos que ele era o mensageiro dos deuses e a partir dessa mentira, veio outra pior de que todos os homens brancos são mensageiros dos deuses.Com essa concordância ele não legitimou a crença daquele lugar, mas colocou os habitantes no risco de se tornarem escravos de homens brancos que chegarem por lá e não tiverem o bom senso para lidar com a situação.Não falando a verdade colocou-os em uma situação de dominação e inferioridade. Só pode ter contato com Deus aqueles que tiverem a pele branca.

Segunda refutação do grupo:

Sempre existem e existirão motivos para mentir e provavelmente ao fazê-lo, daremos um motivo nobre, assim como Claude. Ele não pertencia a ilha, mas deveria se perguntar: Se meu povo estivesse vivendo situação semelhante, não seria melhor que ele tivesse logo as vendas retiradas dos olhos?
Todas as profissões têm seus quesitos éticos, mas de forma alguma podem ferir a ética humana, caso contrário, estaríamos expostos a todo tipo de desmandos e loucuras em nome da ciência e do profissionalismo. Além do que, ao exemplo de nós professores não precisamos nos mudar para a casa de um aluno com problemas, para cumprir um dever moral e profissional de intervir em situações penosas ou de risco.
Neste sentido, vale a pena pensar em primeiro momento, quem seria o maior beneficiado deste pensamento. Os nativos ou o antropólogo?
Pois naquele local, além de estar em ambiente propicio para desenvolver seu trabalho, ainda estaria em situação privilegiada quanto ao respeito dos habitantes.
Se romper com paradigmas ultrapassados ou tendenciosos, desmistificando velhas crenças não fossem necessárias, com certeza, a humanidade ainda estaria queimando pessoas em fogueiras ou escravizando irmãos.

Minha opinião na Versão Final


Para participar novamente do Fórum, realizei nova leitura do texto “O dilema do antropólogo francês”, assim como dos textos sugeridos pela interdisciplina, e também as postagens realizadas por mim e pelas colegas. Minha opinião não mudou, continuo pensando da mesma forma, que o antropólogo agiu errado, deixando que os nativos acreditassem que ele era um deus branco e que todos os homens brancos fossem deuses. O antropólogo teve a oportunidade de se redimir da primeira resposta, da primeira mentira, quando os nativos lhe fizeram a segunda pergunta: “todos os homens brancos são mensageiros dos deuses, ou as nossas crenças estão erradas?”. Ele poderia naquele momento, ter explicado para eles, sobre a realização do seu trabalho e também dizer que não poderia responder sobre suas dúvidas. Deixando-os livres para a tomada de decisão sozinhos, como sempre fizeram e portanto sem sua interferência.
Assim como, sendo um profissional competente sabia que a cultura passa de geração para geração, porém vai sofrendo alterações, já que os povos vão se adaptando as situações que vão aparecendo, situações estas que podem estar relacionadas a questões ambientais ou sociais. Sua visita a aquele povo com certeza já deixaria marcas e não permaneceria mais intacta.
Ao mentir para manter a crença dos nativos só aumentou a interferência que ele já estava causando com sua presença. Ele também tinha consciência que sua mentira poderia trazer graves prejuízos aos nativos.
Porém, parecia que só estava preocupado com o seu trabalho, com o resultado de sua pesquisa e em garantir a sua sobrevivência, esquecendo-se da sobrevivência daquele povo ao qual ele estava enganando.
Penso também, que sempre o mais importante é a verdade, pois o antropólogo colocou outras pessoas em risco para atingir seus objetivos.

FINALIZAÇÃO DO FÓRUM

A partir das trocas neste fórum e das argumentações contras e a favor da atitude do antropólogo, concluímos que a grande questão do dilema são os valores que para alguns colegas são determinados por cada cultura e para ouros colegas alguns valores ultrapassam esta barreira e são considerados valores universais. No ponto de vista do grupo, consideramos a verdade como um valor universal, acreditando que estes transcendem as culturas regionais/locais e determinados grupos de pessoas, sendo inerentes à qualidade de ser humano.
No caso do antropólogo, dizendo a verdade ou mentindo ele estaria interferindo na cultura, e nesta situação tendo que escolher qual atitude tomar, o menos sofrível para aquele povo seria falar a verdade, para que eles não sofressem com influências de todos homens brancos que fossem dizer-lhes qualquer coisa, pois caso eles acreditassem que tudo era verdade por eles serem mensageiros dos deuses poderiam ser desta condenados à escravidão.
O antropólogo possuía um conhecimento diferenciado do que os habitantes daquele lugar por ser antropólogo, e por isso deveria expor que a cor da pele representa uma maior ou menor concentração de melanina, substância responsável pela pigmentação; e não que a mesma representa sinal de divindade. Portanto, nossa idéia de defender a verdade como um valor universal vai contra a atitude do antropólogo, que deveria ter preferido dizer a verdade à mentir.

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